DESCOBERTO O PORQUÊ DA POPULARIDADE DE LULA
Reportagem do Jornal O Tempo, de Minas Gerais, faz análise comparativa dos gastos com publicidade dos Governos FHCXLULA. É uma boa explicação de como funcionou esse período da historia brasileira, em que a propaganda não corresponde à realidade.
Lula turbinou popularidade com recorde em propagandas
Nem só ao carisma do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se deve a aprovação recorde de seu governo, que terminou com mais de 80% de avaliação positiva. Um levantamento feito pela reportagem nas contas da União demonstra que as despesas com publicidade na administração do petista cresceram 149,8%, em valores corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), na comparação com o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). FHC gastou R$ 1,3 bilhão, enquanto Lula torrou R$ 3,3 bilhões.
Ao longo de seus oito anos de mandato, Lula aumentou, em média, em R$ 35,9 milhões, por ano, os gastos com publicidade e propaganda do governo federal. Durante sete dos oito anos da gestão tucana no país, Fernando Henrique incrementou as despesas em cerca R$ 4 milhões ao ano. Em 1996, ocorreu o menor gasto de FHC com publicidade: R$ 176,7 milhões. Já a menor despesa de Lula foi em 2003, no primeiro ano de mandato, quando o montante chegou aos R$ 269,4 milhões, em valores corrigidos.
Salto. Quando a correção é desconsiderada, Lula aumentou 12,9 vezes as despesas apenas da Presidência da República com publicidade no primeiro ano de seu governo, em 2003, numa comparação com Fernando Henrique em seu último ano de gestão. Lula priorizou a publicidade de sua gestão à propaganda dos ministérios.
PIB. Os gastos do ex-presidente Lula com publicidade também seguem em alta se comparados percentualmente em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do país. Ao longo de sete anos, em média, o petista utilizou 0,12% do PIB com a propaganda governamental. Já a média do tucano, em sete anos de governo, foi de 0,09%.
Os gastos de Lula atingiram o ápice em 2009, quando 0,18% do PIB brasileiro foi utilizado para arcar com os gastos de publicidade oficial. Nesse ano, o ex-presidente gastou R$ 583 milhões. No caso de Fernando Henrique, 1997 foi o ano de maiores gastos com propaganda governamental. O tucano queimou 0,14% do PIB na época - o equivalente a R$ 133 milhões em valores da época.
BASE. Para a comparação dos governos de Lula e Fernando Henrique Cardoso, a reportagem considerou os dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do governo federal (Siafi) - entre 1996 e 2010. No Siaf, não há uma individualização de despesas no orçamento do país relativas a 1995, primeiro ano de mandato de FHC. Os gastos não estão separados por área.
Portanto, considerando-se os dados disponíveis, a comparação foi feita entre 1996 e 2002, no caso do tucano, e entre 2003 e 2010, no caso do petista.
ANÁLISE
Petista investiu em jornais, TVs e rádios do interior
Ao longo de seus oito anos de mandato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também tratou de interiorizar a propaganda do governo federal. A estratégia levou a publicidade oficial para cidades menores e veículos de comunicação sem alcance nacional, porém, com comprovada importância e credibilidade locais.
Em 2009, por exemplo, a publicidade oficial chegou a 7.047 veículos de comunicação espalhados por 2.184 municípios em todo o país. No ano de 2003, início de seu primeiro mandato, eram apenas 182 cidades "contempladas" com a propaganda do governo.
Lula diversificou ainda os meios de comunicação nos quais o governo anunciou e priorizou veículos de cidades do interior do país. Televisão, jornal, rádio e revistas, nesta ordem, foram os meios que mais receberam recursos em 2009. Para emissoras de TV, foram destinados R$ 759,5 milhões, 64% do total. Jornais receberam R$ 115,4 milhões e rádios, R$ 104 milhões.
A internet aparece na quarta posição em valores absolutos, entretanto é o veículo que registrou o maior crescimento no volume de verbas recebidas sob a batuta de Lula: os gastos do governo com publicidade na rede mundial de computadores saltaram de R$ 11,4 milhões em 2003 para R$ 36,3 milhões no ano de 2009.
OUTDOOR. As despesas com propaganda em outdoor aparecem como as mais inconstantes nas planilhas da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Curiosamente, de 2003 até 2009, os picos de investimento nesse tipo de mídia se deram em 2004 e 2006 - justamente anos eleitorais.
Em 2006, quando o ex-presidente Lula concorreu à reeleição - e ainda em meio ao escândalo do mensalão -, o governo gastou R$ 19,9 milhões com publicidade em outdoors - no ano anterior, 2005, a despesa total tinha sido de R$ 7,7 milhões e, no ano seguinte, 2007, de R$ 3,4 milhões. (RF com agências)
ELEIÇÕES
Gasto maior que o permitido
O Sistema Integrado de Administração Financeira do governo federal (Siafi) aponta que a gestão Lula gastou mais do que o permitido pela lei com publicidade em 2010, ano de eleição presidencial. Segundo a Lei 9.504, de 1997, em anos eleitorais, o gasto não pode ser superior à média dos três anos anteriores ao pleito ou do último ano imediatamente anterior à votação - prevalecendo o menor montante.
Em 2009, o governo Lula gastou R$ 583 milhões e previa um gasto de R$ 700 milhões em 2010, o que já seria uma despesa 16,7% maior do que o permitido. Se comparado à média dos três últimos exercícios (R$ 410 milhões), o valor seria 41,4% maior. Ao fim de 2010, o governo petista utilizou R$ 557 milhões - mais do que a média dos três anos que antecederam o pleito. (RF)
MARKETING
De 2003 a 2010, Presidência consumiu 40% da propaganda
FHC gastou 1,85% das verbas com seu gabinete; Lula fez uso de 39,7%
Na comparação entre os gastos com propaganda dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o petista concentrou a maior parte dos gastos do governo federal com publicidade na própria Presidência da República. Em outras palavras, Lula tratou de fortalecer a sua imagem e as ações do Palácio do Planalto junto à população.
Em valores corrigidos pelo IPCA, o ex-presidente Lula, durante os oito anos de governo, concentrou 39,7% das verbas totais destinadas à publicidade de sua gestão diretamente na Presidência da República. Dos R$ 3,3 bilhões gastos pelo petista, R$ 1,31 bilhão foram queimados com a publicidade presidencial.
Fernando Henrique Cardoso, por sua vez, gastou, em sete anos, R$ 45,6 milhões dos R$ 1,3 bilhão que utilizou com toda a publicidade de administração pública federal - o equivalente a 1,85% do total da verba.
Ainda pelo levantamento, o ex-presidente Lula utilizou, apenas para a propaganda da Presidência, um valor maior do que FHC destinou em sete dos oito anos de seu governo para todas as ações de publicidade e propaganda. A diferença é de pouco mais de R$ 100 milhões.
Enquanto FHC utilizou R$ 1,3 bilhão em todos os gastos com a propaganda do governo, Lula gastou R$ 1,31 bilhão apenas com o Planalto.
TÁTICA. Ao longo do governo petista, Lula reajustou quase todas as verbas de publicidade dos ministérios e investiu em mais pastas do que Fernando Henrique. Entretanto, para gastar mais com a publicidade do Palácio do Planalto, o ex-presidente petista investiu proporcionalmente menos do que Fernando Henrique Cardoso em algumas pastas.
É o caso do Ministério da Educação. Ao longo de seus oito anos de gestão, o petista investiu 4,45% do total em publicidade governamental no ministério contra 7,69% do ex-presidente tucano.
VALORES
Promoção da Saúde triplicou no lulismo
Apesar de ter concentrado 39,7% dos gastos totais com a publicidade institucional do Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentou os investimentos na propaganda do Ministério da Saúde em seus oito anos de governo.
Na comparação com sete dos oito anos de gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na Presidência, os gastos com a pasta aumentaram três vezes.
Entre 2003 e 2010, Lula queimou exatos R$ 945 milhões com a publicidade do Ministério da Saúde. Esse valor corresponde a 28,6% dos R$ 3,3 bilhões investidos pelo petista no período. Já, entre 1996 e 2002, Fernando Henrique Cardoso utilizou R$ 316 milhões na área - ou 23,8% de seu orçamento total com propaganda. Os valores estão corrigidos de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Foco. O Ministério da Saúde foi o mais contemplado com verbas publicitárias nos dois governos. A justificativa, em ambos os casos, é que as grandes campanhas nacionais, como as de vacinação ou contra o câncer de mama, por exemplo, são dispendiosas e precisam de investimentos constantes.
Já o Ministério da Educação ficou com a segunda maior fatia do bolo publicitário, também nos dois governos.(RF)
Gasto maior perto de eleições
Os gastos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especificamente com a publicidade de ações ligadas ao Palácio do Planalto, atingiram o ápice em 2009 ano anterior à eleição presidencial, vencida por Dilma Rousseff, que era a candidata governista.
Considerando-se valores corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o petista gastou R$ 222 milhões com a propaganda do Planalto apenas em 2009.
Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teve seu maior gasto em 2000 ano de eleição municipal. O tucano autorizou a liberação de despesas de R$ 30 milhões naquele ano, um valor sete vezes menor do que o de Lula, ainda em valores corrigidos. (RF)
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