Um amigo meu estava para ir à Europa quando lhe perguntei se desistira. Ele me perguntou por que, já que a viagem estava de pé. Respondi que não entendia como alguém queria viajar sem surpresas, e que esse era o caso dele, já que procurava conhecer, via internet, cada monumento, cada detalhe, cada passo do roteiro. E dá-lhe verificar fotos, buscar vídeos, investigar como seria o melhor roteiro, já todo previa e cuidadosamente conferido via google.
Não queremos surpresas, nem decepções. Mas será que quando chegarmos diante do Coliseu, por exemplo, não estaremos todos tão enfastiados das informações virtuais que não saberemos apreciar a história marcada nas pedras daquele templo?!
Temos medo de saborear viagens, sermos surpreendidos, buscar no correr da aventura uma nova rota.
Temos medo, hoje, de saborear os sabores das comidas. Repare no supermercado que as pessoas não estão mais interessadas se aquele alimento vai tornar a vida mais gostosa de ser vivida. Estão, isso sim, consultando se o teor de sódio, as calorias, o não sei mais o quê daquele alimento pode causar essa ou aquela doença, esse ou aquele quilo a mais que se recusa a abandonar o velho corpo.
Temos medo de envelhecer. Por isso, muitos de nós considera a hora na academia mais importante que o momento mesa de bar com os amigos. Pra muitos, mais importante que a vida é o número de gomos que é capaz de exibir no abdômen.
Temos medo de arriscar e aventurar. E queremos conhecer tudo, sem aceitar os pequenos mistérios que brotam no dia-a-dia.
Por isso eu acho que esquecemos o que realmente é o Natal. Estamos tao preocupados em não sermos surpreendidos, em não arriscar, em pesquisar, agendar, listar, que aquela história acontecida num tempo muito antigo não mais nos provoca. Preferimos os papais noeis, que nada nos cobram, que nada nos exigem. Preferimos enfeitar nossas casas com duendes, botinhas, com toques de nova era. Preferimos nos encasular, calculando quanto vamos gastar em presentes e qual a chance de que os presentes que receberemos empatar custos ou nos fazer lucrar.
Recordemos pois a história que mudou o mundo. Que ainda hoje deve nos surpreender, nos fazer arriscar, nos impulsionar à metanoia, à conversão, ao abandono pleno de nós mesmos.
Sim. Ela era uma pobre virgem, da Casa de Davi, num longínquo Israel. Sim. Ela estava prometida a José, um carpinteiro.
Viviam tranquilos em sua aldeola. Sem nada a preocupa-los. Sem nada a surpreende-los. Aquela vida em que se sabe: nasce-se, cresce-se e morre-se.
Sim. Aquela Virgem era audaz. Sim, recebeu uma visita que modificou seu pensar e seu mundo. Sim. Pra que Ela pudesse dizer sim teve que renunciar e dizer outros tantos nãos.
(outro grande problema de nosso tempo: queremos ouvir apenas sins, nenhum não a nos atormentar. Queremos e acreditamos que basta querer. Querer é poder! E nessa vã esperança nos perdemos, e nos consumimos sem saber ou reconhecer que cada sim que dissermos implica em vários nãos, implícitos ou explícitos. Se digo sim no altar á mulher que escolhi, estou, automaticamente, dizendo não a todas as demais mulheres! )
Aquele anjo, aparecido do nada, saudou-a com a reverencia que se deve dar a uma grande Rainha. E ela, despojando-se de si mesma, disse SIM. Quanta renúncia incorporada naquele sim, naquela disposição de servidão ao Deus Único! Ela disse sim, mesmo sabendo que poderia ser incompreendida, que poderia perder seu José, que poderia ter uma vida de sacrifícios e abandono...
E ela disse: Eis a Serva do Senhor. Aceito, mesmo que para mim não seja compreensível que eu possa ter um filho sem conhecer um homem.
- E José buscava meio de abandoná-la em segredo –
E também Jose teve a vida surpreendida. Um anjo lhe aparece e lhe diz: Não temas. É obra de Deus.
E Jose creu. Quantos de nós creríamos nessas circunstâncias? Quantos de nós teríamos esse despojamento diante da vontade do Senhor?
Mas as surpresas apenas começavam. Um censo obriga aquele casal a viajar até Belem, a Casa do Pão.
Nenhum hotel, nenhuma hospedaria, nenhum conforto. Sobrou para o Casal que mais se entregou a Deus apenas um humilde estábulo, com uma manjedoura ao centro, um boi e um burro. Nenhum luxo, nenhum lençol de puro linho ou algodão com 7204304939403940394 fios. Nada de riquezas e nem mesmo se fala na história de uma auxilio de parteira ou médico.
Nascido o Menino não recebem visitas dos grandes da cidade. Não. São pastores que do campo ouvem o chamado dos anjos.
Só ao depois chegam os Magos. Vem adorar o Rei e trazem: ouro, para saudar a Majestade do menino; mirra, para lembrar ao menino de sua humanidade e dos sofrimentos que viriam, de que todo Filho de Mulher nasce duas vezes: ao nascer e ao morrer; incenso, para reconhecer sua divindade, Deus feito carne, o Forte que se fez Fraco para que pudesse salvar os Frascos, transformando-os em Fortes.
E desde então, aquele menino operou prodígios na vida de tantos e tantas. Prodígios que não se restringiram ao seu tempo mas que vem até os dias atuais. Foi em nome Dele que Igrejas, Catedrais e Monumentos foram construídos; foi em Seu nome que se criaram Hospitais, Asilos, Universidades. Foi por causa Dele que a história se dividiu não em antes ou depois de uma grande batalha, não em antes ou depois de um grande Império, mas a história se dividiu em antes a manjedoura e depois da manjedoura. Manjedoura como tantas outras, sem qualquer enfeite, mas que suportou o mais precioso dom que os homens jamais puderam imaginar.
Portanto, meu caro amigo, minha querida amiga, meus irmãos na fé: na ceia de hoje esquecam por um tempo das certezas que carregamos, dos projetos planejados e arquitetados, do seguro, do carro, do cheque especial... Esqueça da sua mania de controle, da sua tendência a rejeitar o novo e manter-se aferrado ao hábito. Abandone – por um momento –o papai noel encharcado de cerveja que está do seu lado e convide a todos em volta da mesa a empreender uma viagem ao passado.
Recorde aos seus amigos e familiares, em torno da mesa, que na Casa do Pão, em Belém, numa humilde manjedoura, repousa Aquele que é a razão de nossa esperança. Recorde a coragem e o despojamento de uma Virgem e de um pobre Carpinteiro. Deixe claro a todos das razões de por um momento adora-lO, a Ele, que sendo Deus, fez-se carne, em tudo igual a nós, exceto no pecado.
Não relativize. Deixe claro que há, gostemos ou não, valores que se sobrepõem às escolhas. Que a liberdade não está em se fazer o que se quer, do jeito que se quer e quando se quer. NÃO! A liberdade consiste em, tendo diversas possibilidades de escolha, escolher a que é a correta e conforme à vontade de Deus.
Ouse pois pedir a todos que, diante do Menino, possamos rezar e pedir para que ele nos auxilie a escolher sempre os caminhos da verdade e da vida.
Não tenha medo! Ele veio menino, cresceu, ensinou, morreu e venceu. Ele venceu o Mundo. Ele vencerá a morte a cada dia. Ele, no seu infinito amor, ainda hoje se faz alimento e ainda hoje nos convida a visitar a Casa do Pão, a celebrar o dia em que o leão e o carneiro pastarão juntos.
Não parece uma mensagem de natal esse texto confuso e disperso. Mas é. Tenha Fé pois Ele veio hoje, Ele virá sempre!
FELIZ E SANTO NATAL!
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sábado, 24 de dezembro de 2011
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
É NATAL!
Que saibamos reconhecer nAquele Menino, deitado sobre as palhas, o Senhor e Rei do Universo, nossa Força e nosso Consolo, Príncipe da Paz, Senhor da História.
FELIZ E SANTO NATAL, COM JESUS, SEMPRE!!!!
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